Minha opinião: Eu simplesmente amei o livro Salvar o Fogo. A narrativa de Itamar Vieira Junior é de uma sensibilidade única e me tocou profundamente. O início da história, com o olhar do "menino" Moisés, é delicado e potente. Ele busca, de forma inocente, um lugar onde possa encontrar amor e compreensão, e a maneira como isso é explorado foi muito intensa para mim. A busca por esse lugar, por acolhimento e por afeto, se tornou algo quase palpável, e isso me prendeu logo de cara.
A personagem Luzia, que carrega tanta dor, é uma das grandes forças da obra. Sua história é de sofrimento, mas também de resistência. A opressão das crenças impostas pela sociedade e pela igreja católica, o estigma que ela carrega, e a luta para compreender a depressão pós-parto, o estupro e todas as violências que ela sofre, são retratadas com tanto cuidado e empatia por Itamar que é impossível não se emocionar.
O mais bonito é ver como a cultura, as crenças e as imposições sociais estão entrelaçadas na vida desses personagens, como tudo se mistura, se invade, e cria um ambiente de dor, mas também de resiliência. Ao rever personagens de Torto Arado, de uma forma até distante, senti que o autor trouxe uma continuidade de suas histórias, o que fez a leitura ainda mais emocionante. Isso é uma prova do cuidado e carinho que Itamar tem com suas narrativas e com os destinos de seus personagens.
É um livro que mexe com a gente de uma forma profunda, que nos faz pensar sobre os caminhos da opressão e da luta por um lugar de amor e acolhimento, e de como as violências que essas mulheres enfrentam vão além da dor física. Salvar o Fogo é, sem dúvida, uma obra que toca a alma.
Sinopse: Salvar o Fogo é um romance de Itamar Vieira Junior que narra a história de Luzia, uma mulher marcada por várias violências ao longo de sua vida, incluindo a repressão das crenças impostas pela sociedade e pela igreja católica, o estupro e a depressão pós-parto. A narrativa, que é contada por diferentes personagens, explora as dificuldades de Luzia para compreender e lidar com seus traumas. Ao longo da trama, vemos como suas experiências de vida estão profundamente enraizadas nas tradições culturais e nas imposições sociais de seu tempo. Em uma história de dor, resistência e busca por pertencimento, o autor traz à tona questões de gênero, violência e a luta pela sobrevivência em um mundo que frequentemente silencia as mulheres.
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