quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Coiote - Roberto Freire

Minha opinião: Uau! Primeiro eu tenho que falar da capa desse livro, que é maravilhosa! Acho que me apaixonei pela capa a primeira vista. Achei a imagem tão forte e bonita que desejei intensamente esse livro, depois quando li a sinopse aí sim fiquei “gamada”.

Sobre a história, posso dizer que ela mexeu demais com meus valores, idéias e concepções de vida, é um livro intenso que traz questões envolvendo o amor, sexo, anarquismo, política, doença, preconceito, drogas e etc... O autor é fabuloso, eu me encantei por ele. Adoro livros assim, que me fazem pensar, e ele também tem uns diálogos que são verdadeiras metáforas em forma de diálogo, como esse:

“-... cada pessoa tem o seu tóxico. O meu é cocaína. Não adianta insistir nos outros, fazem mal à saúde.
- O meu é gente e álcool. O álcool, porém, me faz mal.
- Você tem pó?
- Você tem gente?
- Quando não tenho pó, apenas o céu adianta. Mas é preciso toda uma tarde para eu começar a sentir...
- Você está sentindo?
- Estava, quase. Sua mão cortou...
- Desculpe. Preciso de gente. Pensei que você...
-Está bem. Você não é italiano.
- Não.
- Por que me fala em italiano?
- Me disseram que era melhor assim com você.
- E com você, como é melhor?
- Na cama.
- Vamos para a cama.”
(p.16 e 17)

Surreal né? Mas ao mesmo tempo é tão maravilhoso por ter a simplicidade de ser complexo por si mesmo... Amei. A história acompanha Rudolf e sua história e principalmente quando ele se encontra com um garoto jovem e completamente diferente de tudo e de todos, que mexe muito com as pessoas ao seu redor, despertando um amor incrível por ele, seu nome é Coiote.

Coiote é um personagem marcante – em minha opinião – eu ao mesmo tempo em que me sentia atraída por ele, me sentia também repelida, por que de certa forma ele me pareceu estranho, esse estranhamento que dá medo ao mesmo tempo em que nos pede para se aproximar. Muito conflitante, confesso. Mas único e bom.

“Coiote me apareceu com o filho amarrado em seu tórax. Disse que só tirava ele dali na hora da amamentação e para limpá-lo. O menino teria que ficar grudado a ele, pelo menos nove meses, como Rosário o teve dentro dela.
- Mas ele precisa se mover, aprender a tocar as coisas, engatinhar...
- Eu sei. Oito horas dormindo no berço dele, oito horas se esbaldando por aí e oito horas colado a mim. Temos, assim, tempo bastante pra nos sentir, conviver, conversar...”

Vale muito a pena esse livro!
 
Resumo: Após o impacto e o interesse despertados nos leitores com o lançamento do romance Coiote, em 1986 (portanto há mais de vinte anos), ele continua sendo leitura e assunto de discussões entre os jovens brasileiros. O interesse apaixonado pelo personagem principal do romance produziu em nosso linguajar a transformação da palavra “coiote” de substantivo para adjetivo – pois assim passaram a ser chamadas as pessoas que se comportam como o personagem criado por Roberto Freire. Esse fato certamente foi produzido por ser o coiote um jovem vindo do futuro, com todas as características de pessoa e de personalidade que representaria os sonhos, as utopias e as paixões da juventude revolucionária brasileira.
O livro trata do prazer que essas transformações produzem nas pessoas e das suas lutas para enfrentar o meio conservador. Coiote é o romance predileto de Roberto Freire, tanto por seu conteúdo original e revolucionário como por seu encanto juvenil. Os leitores que se identificaram com o personagem muitas vezes procuraram o autor em seu sítio em Visconde de Mauá, que eles próprios chamam de “Sítio do Coiote”. Esta nova edição (que acaba de chegar na oitava) atende a inúmeras solicitações, e é para o autor sua forma possível de colaborar com o processo cultural e antropológico dos jovens de hoje, para conseguirem se transformar em coiotes amanhã. Coiote é o romance predileto de Roberto Freire, tanto por seu conteúdo original e revolucionário como por seu encanto juvenil.

11 comentários:

Mateus Lopes disse...

nossa, se ta na boca do povo ate hj, deve ser bom

Anônimo disse...

quero ler muito agora!!!
beijos

Caroline Juliane Bonifácio disse...

Adorei a resenha! Deu vontade de ler agora rsrsrs
Adorei
Beijos
Carol {SobreUmlivro}

Por Trás das Letras disse...

Que resenha incrível! Despertou a vontade de ler esse livro. Maaaais um pra listinha. :D
Beijãooo!!!
Tatty! - Por Trás das Letras
http://www.portrasdasletras.net

Escritora Oculta disse...

Oie! Já fiz meu post especial de Aniversário lá no exercite sua mente!!! http://exercitesuamente.blogspot.com NÃO ESQUEÇA DE ENTRAR E FAZER UM COMENTÁRIO!

Luana Rodrigues Farias disse...

Bah não sei se gostaria, esses livros muito fortes não sei não.

Bjs

. disse...

Interessantíssimo.
Li há tempos, e essa sua resenha me deu vontade de reler.

Anônimo disse...

LI ESSE LIVRO HA UNS VINTE ANOS. NUNCA ME ESQUECI . É INCRÍVEL , PERTURBADOR , INSTIGA OS PENSAMENTOS MAIS REMOTOS QUE SE POSSA TER . O COIOTE PASSAVA UMA SEMANA SE COMUNICANDO POR GESTOS , PARA VALORIZAR A FALA . FAZIA SEXO COMO OS ANIMAIS ... É UMA ESTÓRIA INTELIGENTE !!! ESTOU PROCURANDO PARA COMPRA-LO . AAAAMMMOOO.

Marcia RC disse...

Li logo q foi publicado, emprestado por uma amiga inconformada com a minha inquietação... é presente até hoje e fiquei fã do Freire. Obrigatório!

Unknown disse...

Coiote. É o Andre, nome que ele teve quando nasceu. Bruxo é um Velho que mora na fazenda ao lado de Mauá. E tem a Pamela...

Anônimo disse...

Li Coiote em 1986, quando o livro foi lançado e virou mania no meio acadêmico da universidade que eu começava a frequentar. Eu tinha 16 anos e achei o livro no mínimo agressivo , pois haviam ideias que eu jamais poderia concebê-las sozinho . Em 1989, em viagem a São Paulo, conheci uma menina chamada Denise, que me convidou para uma sessão de Somaterapia, com ninguém nada menos que o próprio Roberto Freire. Em um apartamento cheio de jovens desconhecidos, eu viria a viver uma das experiências mais libertadoras de minha vida . Após uma noite de exercícios físicos relacionados a descoberta de meu próprio corpo, acabei ficando por lá para passar a noite, pois estava tarde demais para voltar para casa - eu estava na Augusta perto da Paulista e o apartamento era em Perdizes e só havia ônibus até a meia noite . Foi uma experiência fantástica e passei a conhecer Denise melhor, em todos os sentidos . A somaterapia de Freire me apresentou a meu corpo e ao mesmo tempo me deu de volta minha autoestima. Um dia coloco isso em um livro de memórias !