terça-feira, 16 de agosto de 2011

NÃO HÁ SILÊNCIO QUE NÃO TERMINE - Ingrid Betancourt

Minha opinião: Eu tenho certo problema com livros autobiográficos, sempre com um pé atrás, afinal, é difícil às pessoas serem totalmente sinceras ao falarem sobre si mesmas sabendo que o mundo irá ler cada detalhe e ainda quando envolve outras pessoas no meio disso tudo, aí eu acho que fica mais complicado ainda, por que você escolhe como irá ser seu personagem, ou seja, você escolhe ser o bandido ou o mocinho, e na grande maioria dos casos você escolhe ser o mocinho. Mas deixando essa minha dificuldade de lado, decidi ler esse livro que a fofa da Éline me emprestou, primeiro por que eu adoro um livro emprestado e segundo por que fiquei curiosa sobre a vida dessa mulher, Ingrid, feita refém durante sete anos da sua vida, longe de tudo, não vendo seus filhos crescendo, estando apenas presa.

Com meu pezinho atrás, eu iniciei a leitura e vou dizer que o livro não me surpreendeu tanto, acho que também devido ao bombardeio de noticias e entrevistas dela que foram vinculadas na mídia. No entanto, logicamente que fiquei abalada com a sua descrição dos seus anos ali presa no meio da selva e de como ela tentava de todas as maneiras se manter viva e não só fisicamente mas também psicologicamente, se apegando a coisas, memórias e tarefas do dia a dia que a faziam passar por cada coisa. Além disso, enquanto eu lia me lembrei do livro “Ensaio sobre a cegueira” do Saramago, por que em determinado momento do livro, Ingrid coloca como é difícil a convivência com o outro e um espaço pequeno e tendo em torno varias vivencias e modos de vida diferentes em que o “eu” prevalece na frente de “nós”, como se algo saísse do social e partisse para algo mais primitivo, o da sobrevivência.
Achei alguns trechos interessantes, como o fato dela começar a bordar e começar a fazer tecelagem como um modo de se manter ativa e não apenas “algo” ou “nada”, mas ainda um ser criativo. Outro trecho é quando os guerrilheiros decidem que cada refém em vez de dizer o nome diga um numero, no qual ela se recusa, não querendo novamente se tornar um objeto, mas sim uma pessoa. Acho que esses dois momentos foram bem interessantes.
No entanto, em alguns momentos estive um pouco cética com as suas declarações, e sei que algumas coisas ela teve que ocultar ou mesmo, é o ponto de vista dela, e de mais ninguém, ou seja, ela é quem pensa e vê de determinado jeito, portanto não é que as coisas sejam mentiras, mas são apenas a realidade dela. Mesmo assim, alguns trechos me incomodaram, não sei bem porque, mas me incomodaram.
No entanto, eu achei um bom livro, que foi bem escrito e mostra uma realidade dura e conflitante no qual há muitas duvidas sobre o ser humano que começam a pairar na nossa cabeça. Eu não acredito em mocinho e bandido nessa história toda, acredito que cada um tem sua verdade como eu disse anteriormente e assim, é possível acreditar nessa verdade cegamente mesmo que isso seja absurdo para mim ou para você. Bem, acho que isso é bom nesse livro, me fez pensar muito.

Resumo: Filha de uma tradicional família colombiana, educada na Europa, Ingrid Betancourt resolveu abandonar a segurança de uma vida confortável para dedicar-se aos problemas de seu conturbado país. Elegendo-se sucessivamente deputada e senadora, Ingrid fundou em 1998 o partido Oxigênio Verde, com o objetivo de trazer novas esperanças à política colombiana, marcada pela violência sectária e pela corrupção.
Interessada em promover o diálogo entre as diversas facções da guerra civil que há décadas dilacera a Colômbia, a jovem senadora resolveu em 2001 lançar sua candidatura às eleições presidenciais.
No ano seguinte, durante uma viagem de campanha ao único município governado por um prefeito de seu partido, a candidata - então mal colocada nas pesquisas - foi sequestrada por um comando das Farc, junto com diversos assessores e seguranças, num episódio até hoje mal explicado. Levada para o interior da selva em inúmeras viagens de barco, caminhão e marchas a pé, Ingrid se viu repentinamente desligada do convívio dos amigos e da família, isolada do mundo exterior em meio a guerrilheiros fortemente armados.
A autora de Não há silêncio que não termine passaria mais de seis anos em poder das Farc. Sua visível agonia, documentada por cartas e “provas de vida” em vídeo, bem como sua libertação numa célebre e cinematográfica operação do Exército colombiano, em 2008, chamaria novamente as atenções do mundo para o conflito que atualmente ameaça a paz no continente sul-americano. Este livro é o relato contundente de sua experiência como prisioneira da guerrilha narcotraficante, em meio à fome, à doença e às humilhantes condições impostas pelos sequestradores. Os momentos mais dramáticos de sua longa crônica de desventuras certamente são as desesperadas tentativas de fuga.
Decidida a recuperar sua liberdade a qualquer custo, Ingrid tentou escapar diversas vezes, sendo invariavelmente recapturada pela guerrilha, faminta e perdida na selva.
Obrigada ao convívio quase permanente com os companheiros de sequestro, a autora relembra a rotina tensa do cativeiro, em que a posição de um colchão ou uma suspeita de favorecimento na distribuição de comida geravam desentendimentos por vezes violentos. Ingrid revisita os diversos acampamentos, mais ou menos provisórios, em que foi mantida prisioneira, associando-os às figuras sinistras dos diversos captores e carcereiros que fizeram parte de seu cotidiano ao longo dos anos. A vítima retrata seus algozes sem rancor, descrevendo-os em sua miséria política e humana. O bem-sucedido fim do sequestro, em julho de 2008, encerra o livro num tom de cautelosa esperança, dedicado à preocupante situação dos refénainda em poder das Farc.

Um comentário:

Unknown disse...

Bah, o livro não chamou a minha atenção e pela sua resenha tive quase certeza de que não quero mesmo ler ele ahuahau.

Bjsss
www.frozenlivros.blogspot.com