domingo, 26 de outubro de 2025

A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne

Minha opinião: Confesso: eu nunca tinha lido "A Volta ao Mundo em 80 Dias". E pior, eu nem sabia direito sobre o que era a história! Na minha cabeça, o livro falava de um explorador que faria uma grande viagem científica pelo mundo.
Mas, rs... não é nada disso!
Quem diria que a história é sobre Phileas Fogg, um personagem muito interessante, que decide fazer essa viagem maluca simplesmente por causa de uma APOSTA!

Eu fiquei pensando: como ele ia fazer isso naquela época? Não tinha avião, nem as estradas e carros que temos hoje. E é aí que está a graça! Ele tem que dar a volta ao mundo sem parar, usando trens, navios gigantes, barcos, até um elefante ele usa! Tudo para conseguir chegar no dia exato da aposta.
Mas o que mais me chamou a atenção foi o personagem. O Sr. Fogg não é um aventureiro; ele é um homem que não se desespera. Ele tem algo de muito concreto, de matemático. Ele não se altera, nunca. 
Mesmo com todas as situações caóticas que acontecem no caminho, ele permanece impassível. É impressionante.

A volta ao mundo se dá de uma maneira muito envolvente. O seu criado, o Passepartout, também movimenta toda a trama (às vezes atrapalhando!) e todo mundo que os encontra fica envolvido com esse homem tão incomum, mas tão fiel à sua palavra.
Eu gostei muito dessa leitura. Pensei que ia ser um livro chato, com uma escrita antiga e difícil, mas não! Foi muito legal, eu me diverti lendo e torcendo para ele conseguir. Uma aventura clássica que vale muito a pena!

Sinopse
A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne
A história começa em Londres, em 1872. Phileas Fogg é um cavalheiro inglês extremamente rico, metódico e de rotina inabalável. Sua vida é calculada ao minuto, até o dia em que ele faz uma aposta audaciosa com seus colegas do Reform Club: ele afirma ser capaz de dar a volta ao mundo em apenas 80 dias.
Apostando metade de sua fortuna, Fogg parte imediatamente, levando consigo apenas seu recém-contratado criado francês, Jean Passepartout. A dupla embarca em uma corrida frenética contra o relógio, utilizando todos os meios de transporte disponíveis na época — de trens a vapores, passando por saveiros e até elefantes.
Enquanto luta contra atrasos, tempestades e desafios logísticos, Fogg ainda precisa lidar com um obstáculo inesperado: o detetive Fix, da Scotland Yard, que acredita erroneamente que Fogg é um ladrão de banco em fuga e passa a persegui-lo implacavelmente ao redor do globo.

O Gato que Amava Livros (Kutikyū no Neko), de Sosuke Natsukawa

Minha opinião: O Gato que Amava Livros: Uma delicada fábula sobre luto e recomeço...

Sabe quando você escolhe um livro só pela capa, sem fazer a menor ideia do que se trata? Foi assim que "O Gato que Amava Livros" veio parar nas minhas mãos. Achei a capa bonita e pensei: "Por que não?". E que surpresa mais terna.

O livro traz, na minha opinião, uma reflexão muito profunda (mas de um jeito leve) sobre o luto, sobre crescer e sobre assumir responsabilidades.

Na história, acompanhamos o Rintaro, um garoto que mora com seu avô, dono da aconchegante Livraria Natsuke. Quando o avô morre, Rintaro se perde. Ele não sabe direito o que sentir, se fecha no seu mundo e parece travar.
É aí que a mágica acontece: um gato falante aparece na livraria!

Esse gato, que é uma figura e tanto, pede a ajuda de Rintaro para uma missão: salvar livros que estão sendo aprisionados ou mal interpretados. Achei essa premissa tão bonita.
Para mim, toda essa aventura fantástica funciona como uma grande metáfora para o processo de luto do Rintaro. A história parece um conto de fadas, sabe? Daqueles em que o herói precisa repetir uma jornada algumas vezes para conseguir entender o que se passa dentro dele.

Em cada "missão", Rintaro vai relembrando o avô, as histórias que ele contava, o gosto pelos livros, os sonhos que o avô compartilhava com ele. É nesse recordar que ele vai se fortalecendo e, aos poucos, conseguindo se ligar de novo às pessoas e ao mundo.
É um livro que fala daquela dor difícil que sentimos quando perdemos alguém que amamos muito. Mas ele mostra, de um jeito muito delicado, que podemos amar outras pessoas e seguir nossa vida, e que isso não significa, de forma alguma, que deixamos de amar quem partiu.
Um livro com esse estímulo mágico, perfeito para uma tarde de domingo no parque.

Sinopse
Após a morte de seu avô, o jovem estudante Rintaro Natsuki herda a Livraria Natsuke, um sebo amado pela comunidade, agora à beira de ser vendido. Rintaro, um garoto introvertido e enlutado, se isola na loja, sentindo-se perdido e incapaz de seguir em frente.
Sua rotina de reclusão é quebrada pela aparição repentina de Tora, um misterioso gato falante de pelo tigrado. Tora informa a Rintaro que os livros estão em perigo e que ele precisa de ajuda para salvá-los.
Juntos, Rintaro e Tora embarcam em uma jornada por quatro "labirintos" mágicos, cada um representando uma forma diferente de abuso ou negligência aos livros – desde um homem que os aprisiona sem lê-los até outro que os destrói resumindo-os. Em cada encontro, Rintaro deve usar seu amor genuíno pela leitura para libertar os livros e, no processo, acaba redescobrindo sua própria força, sua conexão com o legado do avô e a coragem para reabrir seu coração para o mundo.

O Pintassilgo (The Goldfinch), de Donna Tartt

Minha opinião: O Pintassilgo: O prêmio Pulitzer de 800 páginas que me fez bocejar...

Sabe quando você começa um livro com uma expectativa lá no alto? Um livro premiado (vencedor do Pulitzer!), com uma capa linda e uma premissa que parece incrível. Pois é, assim foi meu início com "O Pintassilgo".
Vou ser sincera: o começo é ótimo. A relação do Theo (o protagonista) com a mãe é delicada, e a cena da explosão no museu é realmente tensa, muito bem escrita. Você fica preso, com o coração na mão, pensando "Nossa, que livrão!".

Mas aí, minha gente... ave.

Depois desse início potente, o livro desanda em uma chatice que parece não ter fim. Sério. A história se muda para Las Vegas e a autora parece que se esquece da trama principal. As coisas são chatas, as situações se estendem, se prolongam... é um tédio que só.

Eu ficava lendo e pensando: "Cadê a história do quadro? Cadê a tensão?". O livro vira uma descrição sem fim da vida miserável e viciada do protagonista, e mesmo quando ele volta para Nova York como adulto, a sensação de que nada acontece de verdade continua. Não tem algo que prenda a atenção, você lê quase se arrastando.

Quando finalmente uma reviravolta acontece (lá pela página 450!), ela parece tão aleatória, tão sem pé nem cabeça, que eu demorei a entender o que estava acontecendo. Parece que a autora jogou um thriller no meio de um drama psicológico arrastado sem aviso prévio.

Enfim, é uma pena. Um livro com tanto potencial, mas que se perde em si mesmo. O começo é 5 estrelas, mas o desenvolvimento é de uma lentidão que dá sono. Um calhamaço que, na minha opinião, podia ter 300 páginas a menos e seria muito melhor.

Sinopse Objetiva do Livro
O Pintassilgo (The Goldfinch), de Donna Tartt
A vida de Theodore "Theo" Decker, um garoto de 13 anos, é virada de cabeça para baixo quando sua mãe é morta em um atentado terrorista a bomba no Metropolitan Museum of Art, em Nova York.
Em meio ao caos e à poeira da explosão, Theo, em estado de choque, pega uma pequena e valiosa pintura do século XVII chamada "O Pintassilgo", obra de Carel Fabritius.
Sem a mãe e com um pai ausente, Theo é acolhido temporariamente pela família rica de um colega de escola. A narrativa segue sua jornada tumultuada ao longo dos anos, de Nova York a Las Vegas e, posteriormente, Amsterdã. O quadro roubado se torna seu segredo mais sombrio, um elo tangível com a mãe perdida, mas também um peso que o arrasta para o submundo da arte e do crime.
"O Pintassilgo" explora temas como luto, trauma, vício, a natureza da arte e a busca por redenção, enquanto Theo tenta encontrar seu lugar em um mundo que ele sente ter perdido no dia da explosão.

domingo, 19 de outubro de 2025

A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera


Minha opinião:Escolher A Insustentável Leveza do Ser para a primeira leitura do nosso clube do livro foi um encontro com algo que eu já queria ler há anos, mas sempre deixava para depois. E agora, finalmente, todas nós lemos juntas, e que experiência intensa! Desde a primeira página, senti que estava diante de uma obra que não se esquece, que mexe com a gente, com o pensamento e com o coração.

O livro é sobre o peso e a leveza da vida, sobre escolhas, relações e como cada um de nós lida com a vida de um jeito diferente. Ele se passa em meio à guerra, mostrando como tudo muda: nossos vínculos, nossos trabalhos, a maneira como vivemos e sentimos.

Tereza é a primeira personagem que nos toca profundamente. Ela carrega o peso do ciúme, da cobrança de si mesma e do medo de ficar sozinha. Cada gesto dela, cada sentimento confuso, cada dúvida sobre o amor ou sobre a fidelidade nos leva a refletir sobre o que significa amar e ser amado. Ela se casa com Tomas, um médico que ama a liberdade de se relacionar com outras mulheres sem criar laços, mas sente por Tereza uma ligação única — um cuidado que vai além do desejo. E é nesse contraste que percebemos: o que é traição? O que é amar? E até que ponto conseguimos realmente compreender o outro?

Sabina, amante de Tomas, parece leve, livre, quase flutuando sobre o mundo. Mas será que essa leveza é real, ou apenas outra forma de peso — o peso de não se prender, de fugir das relações, de não se permitir ser completamente feliz com alguém? Franz, um homem casado que se apaixona por Sabina, também enfrenta suas próprias escolhas e responsabilidades, questionando o preço de seguir o coração ou a verdade.

E, no meio de tudo, a guerra muda a vida das pessoas, força a deixar para trás o que conheciam, confronta o passado e mostra que não há como viver sem carregar algum peso. Kundera nos leva a refletir: será possível viver sem o peso do que fomos, do que sentimos, do que escolhemos? Existe uma verdadeira leveza na vida, ou tudo é, de algum jeito, inevitavelmente pesado?

Ler este livro foi intenso, e discutir com o clube tornou a experiência ainda mais rica. Entre as histórias, os encontros e desencontros, cada reflexão sobre amor, liberdade e responsabilidade ecoou na nossa própria vida. Um livro que permanece com você, mesmo depois que se fecha a última página.



Sinopse

Em A Insustentável Leveza do Ser, Milan Kundera explora a complexidade das relações humanas e da vida sob o pano de fundo da Primavera de Praga e da ocupação soviética. O romance acompanha Tomas, um médico mulherengo; Tereza, sua esposa marcada pelo ciúme; Sabina, amante livre e independente; e Franz, um homem em busca de sentido em meio ao amor e à fidelidade. Entre dilemas morais, paixões e escolhas difíceis, o livro investiga os conceitos de peso e leveza existenciais, questionando o significado de amor, liberdade, verdade e responsabilidade.

A Lanterna das Memórias Perdidas, de Sanaka Hiiragi

Minha opinião: Que livro bonito… e que leitura intensa. A Lanterna das Memórias Perdidas me levou a um lugar entre a vida e o além, um espaço estranho e delicado onde cada pessoa precisa escolher uma foto de cada ano de sua vida — como se cada imagem guardasse a essência do que fomos, cada escolha, cada momento.

A primeira história é de uma senhora de 92 anos, professora do ensino infantil. Quando comecei a ler, pensei que seria uma narrativa tranquila, mas me surpreendi com a delicadeza com que a vida dela é narrada. Cada gesto simples, cada cuidado com os alunos, cada momento cotidiano parecia pequeno, mas a forma como ela impactou tantas vidas me emocionou profundamente. Fiquei admirada de como uma vida aparentemente comum pode ser tão cheia de significado.

A segunda história me pegou de um jeito inesperado. É sobre um homem de 47 anos, membro da Yakuza, e confesso que imaginei muita violência e dureza. Mas não. A narrativa me surpreendeu: ele se conecta com um jovem diferente, que parece ser autista, e através dessa amizade começa a enxergar o mundo de outro jeito. Aquela história me fez sentir leveza e ternura em um cenário que eu não esperava. Foi bonito perceber como empatia e conexão podem surgir nos lugares mais improváveis.

A terceira história foi a mais intensa e difícil. É sobre uma criança que sofreu muita violência, e ler aquilo me deixou tensa, angustiada, quase sem fôlego. É uma história dura, visceral, que não se esquece facilmente. Mas, ao mesmo tempo, é escrita com uma delicadeza incrível, que torna cada sofrimento humano e profundamente real. Saí dessa leitura refletindo sobre dor, resiliência e sobre como a vida pode ser cruel, mas ainda assim cheia de momentos que nos tocam profundamente.

No fim, o que mais me marcou foi como o livro consegue ser delicado e intenso ao mesmo tempo. É um livro que me fez sentir — rir, me emocionar, me apertar com o sofrimento, e ainda assim admirar a beleza escondida na vida cotidiana e nas pequenas conexões humanas.


Sinopse

Entre a vida e o além existe um espaço onde cada pessoa escolhe uma foto de cada ano de sua vida, guardando memórias e momentos essenciais. A Lanterna das Memórias Perdidas narra três histórias marcantes: de uma professora idosa que transforma vidas com sua presença, de um homem da Yakuza que descobre a amizade e a empatia, e de uma criança que enfrenta dores profundas. Um livro intenso, delicado e profundamente humano, que nos convida a refletir sobre o valor de cada memória e de cada vida.


VOX – Christina Dalcher


Minha opinião: VOX é um livro que segura a atenção desde o começo. O mundo construído é assustador justamente por parecer possível — basta olhar para discursos reais que acham normal silenciar, julgar, reduzir o outro ao que ele “deve” ser, seja por gênero, sexualidade ou qualquer forma de existência que não se encaixe.

Achei interessante como a autora mostra o processo de doutrinação, principalmente nas crianças, como se aprender a silenciar o outro fosse uma coisa “natural”. A protagonista vive um dilema intenso: ela é mãe, mulher e cientista — e precisa negociar com a própria culpa, com a passividade de quem permitiu certas coisas acontecerem e com a urgência de reagir.

A narrativa mistura ficção distópica com suspense, romance e reviravoltas, às vezes com muita informação, muitos elementos ao mesmo tempo, mas ainda assim prende porque queremos saber como tudo vai terminar. E de certa forma, termina como queríamos — embora eu não tenha certeza se foi exatamente a melhor solução… Mas ok, é um livro que faz pensar e mexe com várias camadas.

✨ Uma distopia que incomoda porque cutuca uma pergunta perigosa: e se o silêncio começar devagar e ninguém perceber?

Sinopse: Num futuro próximo nos Estados Unidos, um governo ultraconservador e patriarcal redefine o papel das mulheres: elas perdem seus empregos, seu lugar na vida pública e, principalmente, sua voz. Literalmente. Todas passam a usar pulseiras eletrônicas que permitem apenas 100 palavras por dia. Cada palavra além disso é punida com choques violentos. O silêncio se torna lei — e instrumento de controle.

Jean McLellan, linguista e mãe de quatro filhos, precisa assistir à transformação da sociedade e da própria família, percebendo como até as crianças começam a naturalizar a opressão. Mas quando o governo descobre sua pesquisa sobre afasia de Wernicke e vê nela uma oportunidade estratégica, Jean é forçada a voltar ao trabalho — e a partir daí se envolve numa trama de tensão, acordos perigosos, segredos e resistência.