domingo, 5 de outubro de 2025

Em Agosto Nos Vemos, de Gabriel García Márquez


Minha opinião: Eu não tinha lido nada sobre Em Agosto Nos Vemos antes de começar — e talvez isso tenha sido o melhor caminho. Escolhi o livro pelo nome de García Márquez, que sempre me conduz a histórias que parecem simples, mas carregam camadas de alma e tempo.

A narrativa gira em torno de Ana Magdalena Bach, uma mulher casada que, todos os anos, viaja em agosto para uma ilha onde está enterrada a mãe. Nessa viagem repetida, ela começa a experimentar uma outra vida, como se naquele espaço houvesse uma brecha do tempo em que pudesse existir diferente — mais livre, mais inteira, talvez mais verdadeira.

É como se, entre o barco e o hotel, entre a visita ao túmulo e o retorno para casa, algo dentro dela se abrisse. Há uma busca que não tem nome — talvez amor, talvez desejo, talvez apenas o impulso de ser mais do que a rotina permite. Ana não foge de sua vida; ela a dobra um pouco, só o bastante para respirar.

Li o livro como quem acompanha uma lembrança, com aquela melancolia leve que García Márquez sabe construir tão bem. É uma história sobre redescoberta, envelhecimento e liberdade, contada com uma delicadeza que parece sopro. Um texto curto, mas cheio de ecos — desses que ficam pairando na cabeça mesmo depois da última página.

Um livro bonito, sobre as vidas que poderiam ter sido, e sobre o instante em que a gente percebe que talvez ainda possa ser outra pessoa.

Sinopse:

Após décadas sem publicar inéditos, Gabriel García Márquez nos deixou Em Agosto Nos Vemos, seu último romance, encontrado entre seus manuscritos. Nele, conhecemos Ana Magdalena Bach, uma mulher que, todos os anos, viaja sozinha para uma ilha tropical para visitar o túmulo da mãe. Durante essas visitas, ela se permite viver experiências que transformam sua relação com o corpo, o desejo e o sentido da própria vida.

Com a linguagem poética e a sensibilidade que consagraram o autor de Cem Anos de Solidão, este livro fala sobre o poder do tempo, da memória e da liberdade íntima, num tom de despedida e reinvenção.