domingo, 19 de outubro de 2025

O CONTO DA AIA – Margaret Atwood


Minha opinião: Esse é daqueles livros que chegam carregados de fama. Eu já tinha ouvido falar muito — série, discussões, referências — e confesso: fui com a expectativa lá no alto. E talvez justamente por isso… achei apenas ok.

Não que seja ruim — a escrita prende, o mundo é perturbador e a narrativa da protagonista tem uma introspecção interessante. Eu queria continuar lendo, sim. Mas aquele impacto de “meu Deus, obra-prima” que eu esperava… não veio.

O que mais mexeu comigo foi pensar que tudo ali parece absurdo… mas também possível. Um mundo em que as violências contra as mulheres são institucionalizadas com naturalidade, em que o horror é disfarçado de ordem e religião, onde tudo parece “certo”, mas algo está sempre profundamente torto. E o pior: todos fingem que acreditam.

Esse incômodo eu gostei de sentir. Aquela sensação que fica na cabeça: “gente, isso podia acontecer de verdade”.

Preciso dizer com sinceridade: achei o final bobo. Me pareceu corrido, quase como se tudo terminasse num “tá, e é isso”. Depois de uma construção tão forte de atmosfera e tensão, esperei algo mais impactante — algo que me fizesse fechar o livro em silêncio dramático. Mas não veio.

Foi uma boa leitura, com reflexões atuais e uma construção de mundo perturbadoramente realista. Só que, diferente de muita gente, eu não achei brilhante — e tudo bem. Talvez se eu tivesse lido sem toda a fama em volta, a experiência teria sido diferente.

Recomendado para quem:

Curte distopia social com crítica forte e incômoda

Gosta de narrativas em primeira pessoa, introspectivas e irônicas

Quer refletir sobre poder, corpo e controle

 Pode frustrar quem:

Vai esperando uma reviravolta explosiva ou final arrebatador

Precisa de ação constante

Está com dificuldade de lidar com hype — talvez valha ler com expectativas mais baixas

Sinopse: Em um futuro opressor, a República de Gilead toma o poder e instaura um regime teocrático rigidamente controlado. Com a queda da fertilidade no mundo, as poucas mulheres ainda capazes de gerar filhos são escravizadas como Aias, obrigadas a servir às famílias dos Comandantes para garantir descendência. Offred, agora reduzida a um nome que nem é seu, narra seu cotidiano nesse sistema cruel, observando as pequenas formas de resistência, as mentiras mascaradas de ordem e a manipulação que transforma violência em “dever sagrado”.

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