domingo, 19 de outubro de 2025

NIHONJIN – Oscar Nakasato


Minha opinião: Sou descendente de japoneses, mas de um jeito muito diferente do vivido no livro. Meus avós também vieram do Japão, depois da guerra, mas ao chegarem aqui escolheram ser brasileiros. Tanto que meu pai quase não fala japonês — a ideia era romper, não manter.

Por isso, ler Nihonjin foi uma experiência curiosa: enquanto os personagens carregavam o Japão no corpo, no idioma, nos ritos e até no sonho constante de retorno, eu me dei conta de que na minha família esse fio cultural não foi passado adiante. E ainda assim, alguma coisa desse pertencimento silencioso existe em mim — talvez justamente na forma de ausência.

O livro me despertou um olhar bonito e melancólico sobre pertencimento e deslocamento, além da força dos ritos e da memória como forma de resistência cultural.

A pergunta que fica: o que acontece quando a cultura é interrompida — ela desaparece ou se transforma em outra coisa?

Mesmo sem ter vivido essa tradição de forma direta, o livro me deu uma sensação estranha e bonita — como sentir saudade de uma história que não me foi contada.

Pra quem esse livro fala com força

Quem tem origem migrante — mesmo que a cultura tenha se diluído

Quem gosta de narrativas de memória, silêncio e identidade

Quem aprecia literatura brasileira que fala de nós a partir das margens

Talvez seja isso que Nihonjin faz: ele abre uma gaveta de memórias — mesmo para quem nunca recebeu as chaves.

Sinopse: Nihonjin acompanha a trajetória de uma família japonesa que migra para o Brasil no início do século XX. Carregando memórias da guerra e de um Japão idealizado, eles tentam construir uma nova vida enquanto mantêm — ou lutam para manter — seus costumes, língua e senso de identidade. Entre o desejo de pertencimento e o chamado silencioso da terra natal, o romance explora como a cultura se transforma, resiste ou se perde quando atravessa o oceano.

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