Minha opinião: VOX é um livro que segura a atenção desde o começo. O mundo construído é assustador justamente por parecer possível — basta olhar para discursos reais que acham normal silenciar, julgar, reduzir o outro ao que ele “deve” ser, seja por gênero, sexualidade ou qualquer forma de existência que não se encaixe.
Achei interessante como a autora mostra o processo de doutrinação, principalmente nas crianças, como se aprender a silenciar o outro fosse uma coisa “natural”. A protagonista vive um dilema intenso: ela é mãe, mulher e cientista — e precisa negociar com a própria culpa, com a passividade de quem permitiu certas coisas acontecerem e com a urgência de reagir.
A narrativa mistura ficção distópica com suspense, romance e reviravoltas, às vezes com muita informação, muitos elementos ao mesmo tempo, mas ainda assim prende porque queremos saber como tudo vai terminar. E de certa forma, termina como queríamos — embora eu não tenha certeza se foi exatamente a melhor solução… Mas ok, é um livro que faz pensar e mexe com várias camadas.
✨ Uma distopia que incomoda porque cutuca uma pergunta perigosa: e se o silêncio começar devagar e ninguém perceber?
Sinopse: Num futuro próximo nos Estados Unidos, um governo ultraconservador e patriarcal redefine o papel das mulheres: elas perdem seus empregos, seu lugar na vida pública e, principalmente, sua voz. Literalmente. Todas passam a usar pulseiras eletrônicas que permitem apenas 100 palavras por dia. Cada palavra além disso é punida com choques violentos. O silêncio se torna lei — e instrumento de controle.
Jean McLellan, linguista e mãe de quatro filhos, precisa assistir à transformação da sociedade e da própria família, percebendo como até as crianças começam a naturalizar a opressão. Mas quando o governo descobre sua pesquisa sobre afasia de Wernicke e vê nela uma oportunidade estratégica, Jean é forçada a voltar ao trabalho — e a partir daí se envolve numa trama de tensão, acordos perigosos, segredos e resistência.
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